A Queda

| segunda-feira, 9 de maio de 2011

Vejam,

que ele cai desamparado,

batendo no solo com um som seco.

Seco e esquecido,

tal e qual a sua existência,

triste, roto e maltratado.

Ecoam gritos de admiração,

de desespero e total incapacidade,

olhando a inevitável catástrofe que daí advém.

Olhos aflitos de lágrimas vacilam,

entre o olhar e o desviar,

que no entanto choram.

Choram porque sentem,

talvez de pena, ou então de raiva,

quem sabe de revolta.

Das escoantes lágrimas,

pode-se ler a vontade de ajudar,

contudo ele vai caindo.

Cai que cai,

sozinho e triste na certeira queda,

o amanhã cessa.

Os projectos futuros,

aqueles que antes tinha imaginado,

vão desvanecendo numa névoa profunda.

Ele cai,

e nós em terra firme vamos olhando,

sem nada fazer.

Atitude doentia,

inerte de movimentos e pensamentos,

confortáveis no nosso olhar distante.

Assim o vemos,

em queda contínua e incerta,

preocupados com os danos futuros.

Assim ele cai,

não uma provável figura humana,

mas a terra que amo.

Essa que vai caindo,

às mãos daqueles que a empurraram,

esses que não a amam.

Que a trucidam,

num frenesim selvagem,

na busca incessante da fortuna fácil.

E nós,

bem nós,

vamos assistindo à queda…inertes…atados.


" A Queda"

Marco Deus

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