Poema da Obra de Abílio Campos Monteiro, " O Raio Verde", editado em 1923. O poema em si intitula-se "Revolvendo Papeis Velhos", a melhor descrição possível é a sua leitura.
REVOLVENDO PAPÉIS VELHOS
Esta carta que surge, desbotada,
Entre outras cartas e papéis diversos,
Traçou-a a mão ebúrnea e delicada
Da que inspirou os meus primeiros versos.
Abro-a e releio: «Nunca mais! Se amei,
Mudou-se em ódio o meu Amor por ti».
Uma nódoa... Que admira, se chorei
Tanto sobre ela quando a recebi?
Rio-me agora do pueril desgosto.
Era então um fedelho, bem se vê,
Mas sinto que me desce pelo rosto
E tomba no papel não sei o quê...
E lá ficaram, num abraço estreito,
Aquelas duas pobres gotas de água:
Uma dizendo a dor do Amor desfeito,
Outra a saudade de essa antiga mágoa...
É tão triste a velhice, e tão pequena
A distância do berço à eternidade,
Que o nosso coração chega a ter pena –
Das penas que sofreu na mocidade!
O Raio Verde
Poema de Campos Monteiro
Publicada por
Marco Deus
|
terça-feira, 19 de maio de 2009
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