Joaquim Marcelino Martins, nasceu a 31 de Agosto de 1926, na Quinta dos Chibos, um termo da freguesia de Torre de Moncorvo, faleceu no dia 15 de Maio de 2009, o seu funeral ocorreu a 16 de Maio de 2009. Homem da terra, cuja vida foi regida pelo rigor da prática agrícola, despertou nele no entanto a sensibilidade para a Poesia, tendo ainda à pouco tempo sido editado um livro com poemas da sua autoria: "Histórias da Minha Vida".
Desconhecia no entanto a sua veia poética, tomando conhecimento já na altura do seu falecimento. Conhecia muito bem o Sr. Joaquim, desde os tempos de menino da Corredoura, aquando da minha mudança para a Rua da Misericórdia, sempre que me via o Sr. Joaquim cumprimentava-me e falava comigo, mais tarde, nos tempos de Universidade o Sr. Joaquim perguntava sempre aos meus pais quando os via: - O Marco como está?
Ao Sr. Joaquim desejo que descanse em Paz e que anime os Anjos com a sua Bondade, Amizade e Poesia. Até sempre Sr. Joaquim.
Capa do Livro, Histórias da minha vida, de Joaquim Martins Edição da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo, Abril de 2009
Deixo aqui um poema do Sr. Joaquim, de forma a homenagear a sua pessoa e poesia.
Quinta dos Chibos
Oh, velha Quinta dos Chibos!
Estás toda derrubada
Tuas casas já velhinhas
Não podes ser habitada.
Lá nasci e me criei
Nesse velho casarão
Não tinha quartos nem sala
Amplo sem nenhuma divisão.
As janelas sem vidraças
Já podres do temporal
A porta não tinha chave
Mas não fazia mal.
Os terrenos "ladeirosos"
De cabeços e canadas
E nos grandes "fragaredos"
As terras eram cultivadas.
Tinha umas oliveirinhas
E um pequeno amendoal
Que não davam rendimento
Para contratar o pessoal.
Tinha bois e tinha vacas
Com que lavram as ladeiras
Para estarem preparadas
Para o tempo das sementeiras.
Às cinco da madrugada
Tínhamos que nos levantar
Para tratar dos bois
E irmos trabalhar.
Andávamos quase às escuras
Pouco se via ou nada
A candeia do azeite
Quase não alumiava
No tempo das sementeiras
Era da escravidão
Não haveria mais nada
Mas comia-se bom pão.
Levava-se uma côdea no bolso
Para comer e andar
Em tempo de sementeiras
Não se podia parar.
Não havia hora certa
Mesmo a hora de jantar
Comer a côdea à pressa
Era comer e andar.
Era uma vida de amargura
No tempo da escravidão
Não haveria mais nada
Mas comia-se bom pão.
Havia sempre umas sardinhas
Para se "apeguilhar"
Que era muito boa e fresquinha
A sardinha de Ovar.
Havia umas mulheres
Que andavam a apregoar
Quem quer?
Sardinha Fresquinha de Ovar…
Joaquim Martins, Histórias da minha vida, Edição da Câmara Municipal de Torre de Moncorvo, Abril de 2009
Fonte: À Descoberta de Torre de Moncorvo
Poderão encontrar mais informações no Blog À Descoberta de Torre de Moncorvo sobre esta noticia aqui e sobre a edição do Livro " Histórias da Minha Vida" aqui.
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